Alimentação e inovação na escola de verão na transição rural: o caso da Toscana

A transição rural tornou-se recentemente um assunto quente tanto em países europeus como não europeus. As áreas rurais estão envolvidas em dinâmicas de desenvolvimento cuja sustentabilidade não pode ser considerada um dado adquirido.
Quatro fatores principais que influenciam a sustentabilidade da transição rural podem ser identificados:

• A capacidade do meio rural de se adequar à implantação e ao funcionamento de atividades econômicas economicamente viáveis, ao mesmo tempo em que é adequado e valoriza as condições socioculturais e demográficas do contexto;
• A capacidade das áreas rurais para hospedar uma gama de atividades diversificadas com atenção específica ao turismo rural sustentável;
• A capacidade das áreas rurais em proteger, valorizar e valorizar os recursos naturais oferecidos pelo meio ambiente local;
• A capacidade das áreas rurais de serem incluídas na agenda política das instituições locais, nacionais e regionais.

As áreas rurais europeias são povoadas por pequenas propriedades. Contribuem para a produção de alimentos que são, posteriormente, autoconsumidos ou adquiridos pelos consumidores nas áreas rurais e (peri) urbanas. Pelo simples fato de atuarem no meio rural, as pequenas propriedades fazem parte das dinâmicas rurais (por exemplo, econômicas, sociais, ambientais) que influenciam a transição rural. Por outras palavras, na Europa a transição rural envolve questões relacionadas com a agricultura e a produção e consumo de alimentos, muitas áreas rurais e empresas que aí operam contribuem para o aprovisionamento e aquisição de alimentos.

A Escola de Verão de Alimentos e Inovação na Transição Rural explora como as pequenas propriedades afetam a transição rural sustentável ao mesmo tempo que contribuem para o abastecimento de alimentos. Em particular, o programa acompanha os alunos na investigação de quatro temas. Esses temas se enquadram nos quatro fatores acima mencionados que influenciam a sustentabilidade da transição rural e mantêm o foco na pequena agricultura. Os temas podem ser sintetizados da seguinte forma:

1. Fazendas pequenas, viabilidade econômica e adequação sociocultural. Este tema explora como as pequenas propriedades são organizadas e funcionam. Enfoca suas dimensões no que diz respeito à produção, geração e consumo de renda, emprego e integração de mercado. Além disso, o tema investiga a capacidade da pequena propriedade em proporcionar oportunidades de emprego e alimentos adequados para atender às expectativas e necessidades locais (por exemplo, empregos e produtos para os quais haja demanda; práticas de abastecimento e aquisição de alimentos, em consonância com as tradições alimentares )
2. Fazendas, turismo sustentável e valorização territorial. Este tema explora como as pequenas fazendas contribuem para a criação de oportunidades para um setor de turismo de qualidade sustentável, experiencial e multi-sazonal. Este tema inclui a análise dos sistemas de abastecimento do turismo rural com particular referência à produção local e às cadeias de abastecimento agroalimentares e outros produtos locais tradicionais; multifuncionalidade e diversificação da agricultura, agro-turismo, agricultura social, análise de cadeias de abastecimento curtas
3. Pequenas propriedades e meio ambiente. Há um crescente reconhecimento de que a agricultura pode contribuir para fornecer serviços ecossistêmicos, definidos como os múltiplos benefícios fornecidos pelos ecossistemas para a humanidade (ou seja, suporte de vida, como ciclo de nutrientes, formação do solo e produção primária, suprimentos como produção de alimentos, água potável, materiais ou combustível, regulamentação, como clima, purificação da água, polinização e controle de infestação, valores culturais, incluindo estéticos, espirituais, educacionais e recreativos). Este tema enfoca as relações entre a agricultura e o meio ambiente e, em particular, a forma como as pequenas propriedades contribuem para o uso e a reprodução de recursos genéticos, serviços agroecossistêmicos e fatores abióticos.
4. Fazendas e agenda política. É reconhecido que as pequenas (er) explorações agrícolas constituem uma parte importante do emprego agrícola total e desempenham um papel importante em muitas economias rurais, particularmente nas regiões mais frágeis e desfavorecidas. Este tema enfoca os valores intrínsecos associados às pequenas propriedades e suas vantagens instrumentais para outros objetivos de política e em como as políticas apoiam diretamente (por exemplo, subsídios) ou indiretamente (por exemplo, incluindo a pequena agricultura como parte de estratégias políticas mais amplas) as pequenas propriedades.

Esses quatro temas serão elaborados e debatidos ao longo do Programa a partir de uma reflexão sobre as especificidades da pequena agricultura (definições, personagens, conexões com seu sistema alimentar e seu contexto socioeconômico e ecológico). As reflexões incidirão sobre o papel que as pequenas propriedades podem desempenhar na transição Pathways para configurações rurais e agrícolas mais sustentáveis, com atenção a elementos específicos desses processos, como a digitalização da agricultura e a caracterização, conservação e valorização de biodiversidade.

Mirar

O curso visa aumentar a consciência e as competências sobre questões alimentares e transição na agricultura e áreas rurais e preparar os alunos a fim de projetar uma transição sustentável futura Pathways capaz de atender às demandas da sociedade e dos consumidores de médio e longo prazo. O curso proporcionará aos alunos engajados em estudos agrícolas e rurais uma experiência de imersão no território toscano.

Estudantes da UE e de fora da UE (licenciatura ou bacharelado, mestrado), bem como doutorado. alunos.

Plano de trabalho

O Curso de Verão está organizado em 3 secções de aprendizagem:

1. Revisão da literatura
2. Metodologias de Pesquisa
3. Alimentação e Inovação em Transição Rural (estudo de caso)

Alguns dos principais conceitos que os alunos irão elaborar e debater durante o Programa, listados a seguir:

• Transição e desenvolvimento sustentável nas áreas rurais e na agricultura
• Divisão rural-urbana e ponte
• Políticas para áreas rurais e pequenas propriedades
• Pequena agricultura, conceitos e implicações (econômicas, sociais, ambientais)
• Agricultura multifuncional: conceitos e implicações
• Abordagem de aprendizagem social para a inovação.

Discutindo sobre estudos de caso selecionados na Toscana, os alunos serão estimulados a refletir sobre as questões emergentes do referencial teórico.
A parte de “Metodologias de Pesquisa” usa uma abordagem de aprendizagem participativa, onde os alunos estarão ativamente envolvidos na observação e compreensão da realidade empírica, engajados na reflexão, discussão e relato – elaborando conceitos individualmente e em grupo.
Esta parte do curso é articulada em uma série de workshops que apresentarão e refletirão sobre a metodologia para atividades de descoberta de fatos, análise e relatórios (ou seja, individuação de foco e objetivos específicos, métodos específicos, etc.)

Métodos

• Metodologias de entrevista
• Atividades de monitoramento visual
• Facilitação de trabalho em grupo
• Elaboração de dados
• Métodos de relatório.

Os métodos visuais serão integrados neste framework, sendo muito úteis para construir, elaborar, trocar e comunicar novos conhecimentos.

O estudo de caso “Alimentação e Inovação em Transição Rural” apresenta aos alunos a aplicação do referencial teórico e metodológico aos casos empíricos.
Uma visita guiada de visitas de campo ao território do norte da Toscana, juntamente com reuniões e entrevistas com informantes especiais e interessados, será organizada para expor os alunos às questões específicas do curso. Nesta secção do curso, as principais tarefas dos alunos serão recolher, elaborar e reportar dados e informação, de acordo com a base teórica recebida e através da implementação de metodologias de investigação.

Organização do Curso

• 4 semanas de residência de curso intensivo em uma vila rural da Toscana (de segunda a sexta):
• 2 semanas de embasamento teórico e metodológico
• 2 semanas de trabalho de campo - coletando, elaborando e relatando dados
• Carga total de 250 horas de atividades (palestras, workshops e saídas de campo) correspondentes a 10 ECTS

Lugar

A localização do estudo de caso é a aldeia de Sillico, localizada na parte norte da Toscana (província de Lucca, a 85 km de Pisa), chamada Garfagnana. Esta pequena aldeia tem origens medievais e situa-se nas montanhas, a 700 metros acima do nível do mar. Mesmo que conte apenas cerca de 90 habitantes.